sexta-feira, março 20, 2015

Um Conto por T.J. Lane




'Há muito tempo, num tempo de arrependimento, A Renascença. Numa singular cidade solitária, está sentado um homem de olhar severo. Sem trabalho. Sem família. Sem coroa. A sua sorte esgotou-se. Perdido e sozinho. As ruas eram a sua casa. Os seus pensamentos consistiam apenas em "porquê que eu existo?" A sua única companhia para confidenciar eram os bichos na rua. Só esperava uma coisa, o mundo curvar-se aos seus pés. Eles também deveriam sentir o seu medo secreto. O seu lúgubre pesar. A sua dor tornou-o sincero. Ele era melhor que os outros, todos aqueles que detesta, dentro dos seus castelos, tão inúteis. Egoístas e preconceituosos. Eles não podiam querer saber menos dos vassalos que maltratavam. Estavam no seu próprio mundo, e bem alegre porventura. Aquele castelo, ela ficou apenas para fazer tudo o que podia para manter os vassalos encurralados, não afastando o inimigo. Eles não tinham inimigos na sua orgia nojenta. E nela, toda a história dos castelos, era apenas outro aposento do Laboratório de Lúcifer. O mundo num caixote de areia para todos os miseráveis pecadores. Simplesmente criaram o que queriam e tornaram-se vencedores. Mas o verdadeiro vencedor, não tem absolutamente nada. Aguentando a dor de querer que o castelo caía. Através das suas boas acções, as ratazanas e as moscas. Ele terá o que implora, através da erradicação da doença. Então se dirige para o castelo, como uma brisa ameaçadora por entre as árvores.  "Para trás!" Gritaram os Guardas enquanto eram postos de joelhos. "Oh Deus, tem piedade, por favor!" O castelo, ela suspirou e prendeu a sua respiração, aos frívolos confins do seu peito frágil. Estou em fuga mas não sou nenhuma ovelha ( I'm on the lamb but I ain´t no sheep). Sou a Morte. E tu sempre foste o incómodo. Tão repulsivo e estranho. Tu nem sequer merecias a presença de Deus, e ainda assim, estou aqui. Arrasto-me para o teu berço. Vim a pé, descalço. Que incorrecto, que rude. Contudo, eles não se importam da lama aos meus pés se houver sangue nos teus lençóis. Agora! Sintam a morte, não só a fazer troça de ti. Não só a perseguir-te mas dentro de ti. Sinuoso e torto. Sente-se pequeno sob o meu poder. Captura na Pestilência que é a minha gadanha. Morram, todos!'

Aos 17 anos de idade, T. J. Lane entrou no liceu de Chardon, Ohio e disparou indiscriminadamente sobre os seus colegas estudantes. O tiroteio ocorreu a 27 de Fevereiro de 2012 e terá sido um dos mais graves nos Estados Unidos. Não houve uma razão óbvia para o acto, o texto acima, escrito numa sala de aula, dá-nos uma pequena ideia do pensamento de Lane. Ocorre-me a frase de André Breton do Segundo Manifesto Surrealista: "O acto surrealista por excelência consiste em sair à rua armado com uma pistola e disparar sobre a multidão." T. J. Lane terá enviado mensagens ao seu patrão para libertar os escravos e aos seus professores para deixarem os alunos em paz.
A sua atitude em tribunal terá sido de escárnio perante os familiares das vítimas, afirmando a seguinte frase:
"Esta mão que puxou o gatilho que matou os vossos filhos, masturba-se agora pela sua memória."

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