Bordalo Pinheiro fez esta peça para criticar o ultimato inglês de 1890, o governo inglês intimou Portugal a retirar de circulação o escarrador e o governo português cedeu.
Contexto do ultimato inglês:Ou Portugal desistia da sua pretensão aos territórios africanos entre Angola e Moçambique ou entraria em guerra com a Inglaterra. Em termos simples, foi este o ultimato feito pela Grã-
Bretanha à coroa portuguesa a 11 de janeiro de 1890. Os ingleses deram 24 horas ao
governo português para decidir, após o que o navio de guerra Enchantress largaria de Vigo
em direção ao Tejo. O Conselho de Estado reúne-se nessa noite e cede.
Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens tinham feito a travessia africana da costa à contra-
costa (ou seja, de Angola a Moçambique) poucos anos antes e a Sociedade de Geografia
de Lisboa cunhou o célebre mapa cor-de-rosa, que estendia a esfera de influência
portuguesa aos territórios entre as duas colónias.
Mas os ingleses tinham outros planos. Numa fase de grande expansão ultramarina,
pretendiam ligar a Cidade do Cabo ao Cairo por caminho-de-ferro e as pretensões
portuguesas colidiam com a sua agenda. Aproveitaram então um recontro do explorador
Serpa Pinto com os Makololos a 8 de novembro de 1889, numa zona reclamada pela coroa
britânica, para fazer o ultimato.
A demonstração de força britânica e a cedência do governo do novo rei português (D. Carlos
I tinha chegado ao trono apenas 70 dias antes) provocaram uma comoção geral, com
editoriais inflamados e manifestações de rua.
É neste contexto que Rafael Bordalo Pinheiro pela primeira vez põe o Zé Povinho a fazer o manguito e molda um penico com a forma de John Bull, a figura que representa a Inglaterra.
A inflamação do sentimento de orgulho nacional ferido é explorada pelos republicanos.
É nesta altura que Henrique Lopes de Mendonça e Keil do Amaral escrevem “A Portuguesa”, entoada nas ruas com o refrão original: “contra os bretões, marchar, marchar”.
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