sexta-feira, maio 25, 2012

Revolta do Manuelinho

Por várias vezes e em diversos lugares, o povo se amotinou. O mais grave desses levantamentos foi o de Évora, em 1637, a propósito de um novo lançamento de tributos. Esse motim alastrou pelo Alentejo e Algarve e transformou-se numa revolta contra o governo filipino, que a esmagou pela força das armas. 

Foi chamado a revolta do Manuelinho. Manuelinho era o nome dado a um pobre doido muito conhecido em Évora. É claro que não foi o louco que se revoltou; mas os cabecilhas ocultos do levantamento davam as suas ordens assinando Manuelinho. As desordens com que a revolta começousão assim descritas por um autor desse tempo, D. Francisco Manuel de Melo; «Com súbito estrondo, ardendo todos (os populares que estavam defronte da casa do Corregedor, representante do governo) em ira, clamaram a morte do Corregedor e liberdade e vida dos Populares. A um mesmo tempo se levantou a voz e a força; e quase sem espaço de tempo, era entrada e acesa a casa daquele Ministro... Toda a prata, ouro e dinheiro, que despojavam, queimaram na Praça... não havendo entre tanta multidão... uma só pessoa que se movesse a salvar em seu proveito das que outros entregavam às chamas... Tal era o òdio, que pode mais que a cobiça, mais poderosa que tudo... Romperam as balanças, donde se cobrava o novo impodto da carne...».
E outro historiador dessa época, Manuel Severim de Faria, confirma:
 «Notou se que em todos estes acontecimentos não houve ânimo nenhum de se furtar coisa alguma; tudo que se achou nestas casas ou veio à fogueira da praça ou saiu em pedaços pelas janelas, e tanto assim que até umas panelas de doces, que estavam em casa do Corregedor, vieram à mesma fogueira, sem haver quem lhes tocasse para outro efeito».

 in História e Geografia, 1º ano - Ciclo Preparatório, 1970

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