segunda-feira, novembro 27, 2006

Eufonia, a fantástica máquina falante

Em Dezembro de 1845, Joseph Faber exibiu a sua “Maravilhosa Máquina Falante” no Musical Fund Hall em Filadélfia. Esta máquina consistia numa cabeça conversadora com ar estranho que falava num “esquisito, tom monocórdico fantasmagórico” enquanto Faber manipulava o instrumento com o seu pé e teclado.

Um pouco antes desta exposição, Joseph Henry visitou o laboratório de Faber para testemunhar uma exibição privada. O amigo e colega cientista, Robert M. Patterson, tentou arranjar apoio financeiro para Faber, um prestigiado imigrante alemão, que lutava para ganhar a vida e aprender a falar Inglês. Henry era muitas vezes chamado para distinguir invenções fraudulentas de genuínas, concordou ir com Patterson ver a máquina. Se fosse um acto de um ventríloquo, de certo o detectaria.

Em vez de uma fraude, que suspeitava, Henry encontrou uma “invenção maravilhosa”
Com uma variedade de potenciais aplicações. “Vi a figura falante de Mr. Wheatstone de Londres”, escreveu Henry a um antigo estudante, “mas não se pode comparar com esta, em vez de sussurrar algumas palavras, é capaz de falar frases inteiras compostas por quaisquer palavras .”

Henry observou que dezasseis alavancas ou teclas “como as de um piano” projectavam dezasseis sons elementares pelas quais “todas as línguas europeias podem ser distintamente produzidas.” A décima sétima tecla abria e fechava o equivalente à glote, uma abertura entre as cordas vocais. O esquema da máquina é o mesmo que o dos órgãos de discurso humano, as várias partes funcionavam por cordas e alavancas em vez de tendões e músculos imitadas com borracha da Índia. A máquina era semelhante a um pequeno órgão de igreja mas com apenas um tubo.

Henry, que em 1831 inventou uma demonstração de um telégrafo enquanto prosseguia com as suas investigações electromagnéticas, acreditava que muitas aplicações da máquina de Faber “ poderiam ser imaginadas” em ligação com o telégrafo. “As teclas poderiam funcionar através de imãs electromagnéticos e com uma pequena invenção fácil de executar, as palavras poderiam ser faladas de um lado da linha do telégrafo com origem no outro.“ Um presbiteriano devoto, Henry imediatamente pensou na possibilidade de dar um sermão através de fios para várias igrejas simultaneamente.

Faber, que destruiu uma versão anterior da sua máquina falante por frustração perante um público que não o apreciava. Aparentemente se sentiu encorajado pela resposta de Henry e Patterson à sua nova máquina. Em 1846, acompanhou P.T.Barnum a Londres, onde a “Eufonia”, como era agora chamada, foi posta em exposição no Egyptian Hall em Londres. Fez parte do repertório de Barnum por vários anos embora os retornos financeiros fossem escassos. Suicidou-se em 1860 sem fama nem glória.