"Tudo começou, anteontem, quando um congolês, de 32 anos, com 22 registos na Polícia por actos de violência e sem autorização para permanecer no país, terá saltado por cima da barreira de validação de bilhetes de transporte que dão acesso ao metro e aos comboios, ligando os subúrbios à capital. Pelas 16.30 horas, dois revisores da empresa de transportes detiveram o homem que pretendia viajar sem pagar, como acontece com frequência na capital francesa. As testemunhas no local dividem-se. Enquanto para umas o prevaricador cabeceou um dos fiscais, outras afirmam que ele apenas o simulou em tom de ameaça. O homem foi arrastado pelo solo ao longo de dezenas de metros, até chegar o reforço policial.
Um grupo de jovens terá assistido a um excesso de violência, tendo-se mesmo proposto pagar a multa. Mas a intransigência das autoridades culminou num cenário de abuso da força a que se juntaram outros jovens e grupos de pessoas que saíam dos diferentes transportes, todos contra a Polícia, num combate que perdurou até ao início da madrugada.
Montras de lojas partidas, tentativas de incêndio de caixotes de lixo e de um posto de acolhimento da estação e dois feridos ligeiros (funcionários da empresa de transportes) é o balanço da Polícia.
Testemunhas disseram que a Polícia terá usado matracas em pessoas de idade e atirado uma grávida ao chão.
Contra maços de tabaco, canetas e pedaços de terra colhidos dos vasos de plantas ornamentais do hall, as autoridades lançaram gás lacrimogéneo. Mais tarde, as barreiras de ferro, colocadas entre "os agitadores" e a Polícia, terão sido atiradas sobre os agentes à semelhança do sucedido na "crise dos subúrbios", em final de 2005, e na "crise do CPE" (proposta governamental do contrato primeiro emprego rejeitado pelos franceses), na Primavera de 2006. Os jovens na estação terão mesmo gritado palavras de ordem contra o ex-ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, candidato presidencial da União para um Movimento Popular.
Face à violência exercida pelas forças da ordem, que os passageiros condenaram na própria gare, o Partido Socialista pediu a realização de um inquérito. "Estes confrontos ilustram o clima de tensão, o fosso instalado entre a Polícia e a população", declarou Julien Dray, porta-voz da candidata socialista Ségolène Royal.
François Baroin, novo ministro do Interior, disse que "nada justifica o que se passou", que "estes actos de violência são inaceitáveis", e Sarkozy acrescentou que "a Polícia só fez o seu trabalho. Durante anos deixámos fazer tudo e mais alguma coisa"."
Notícia do Jornal de Noticias de 29 de Março de 2007
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